7 de set. de 2009

Sobre reencarnação

No blog de Espiritismo gerou-se uma questão dos leitores sobre a reencarnação.
É evidente a dificuldade de compreender todos os lados/razões das reencarnações múltiplas que somos "obrigados" a passar.
Com todo respeito que nutro pelo blog achei pouco o esclarecimento feito sobre o assunto, e resolvi rever algumas das questões.

A leitora Cláudia Lima enviou uma questão por email a eles, que, muito sabiamente, destrincharam a mensagem, e responderam parte a parte a questão.

1_Se a alma humana reencarna para pagar os pecados cometidos numa vida anterior, deve-se considerar a vida como uma punição, e não um bem em si. Ora, se a vida fosse um castigo, ansiaríamos por deixá-la, visto que todo homem quer que seu castigo acabe logo. Ninguém quer ficar em castigo eternamente.


A reencarnação inicial - que seria impossível de datar - é com o feito exclusivo de ensinar. Se a reencarnação é uma escola, então a vida não seria uma punição, mas puro aprendizado. Ora, a oportunidade de estudar é sempre celebrada por quem sabe reconhecê-la.
Assim como espíritos mais rebeldes encontramos estudantes mais rebeldes dentro das escolas. Estudantes estes que reprovam em vários âmbitos de sua vida escolar sendo obrigados e reverem as matérias até terem aproveitamento suficiente para passar para uma próxima fase.
A questão então não seria deixá-la logo, mas aproveitá-la ao máximo para evitarmos rever/repetir as lições que podemos já aprender agora, e ae sim, encurtar nosso número de faixas encarnatórias.
Somente o descuidado permanece no mesmo ponto por muito tempo. Não, ninguém quer ficar em castigo eternamente.


2_Se a alma reencarna para pagar os pecados de uma vida anterior, dever-se-ia perguntar quando se iniciou esta série de reencarnações. Onde estava o homem quando pecou pela primeira vez? Tinha ele então corpo? Ou era puro espírito? Se tinha corpo, então já estava sendo castigado. Onde pecara antes? Só poderia ter pecado quando ainda era puro espírito. Como foi esse pecado? Era então o homem parte da divindade? Como poderia ter havido pecado em Deus? Se não era parte da divindade, o que era então o homem antes de ter corpo? Era anjo? Mas o anjo não é uma alma humana sem corpo. O anjo é um ser de natureza diversa da humana. Que era o espírito humano quando teria pecado essa primeira vez?

Todas as questões que foram colocadas partem da premissa que a reencarnação é puramente castigo. Esquece que é escola. Já explicado isso, anularia a questão toda. Mas eu sou irritantemente chata, e vou falar de onde viria a alma, dentro das encarnações:
As encarnações, segundo O livro dos Espíritos,começa muito antes do que imaginamos.
No Capítulo 11 da Parte II d'O Livro dos Espíritos temos uma noção geral de como funcionam as classes naturais deste mundo, mas ao Capítulo VIII da Parte III, do mesmo livro, temos uma noção de onde a alma humana vem:
Diz-se que a infância da alma humana se encontra na natureza! O espírito é criado em tal grosseria que antes de entrarmos para as encarnações humanísticas, vamos antes esperimentar a simples vida orgânica. Passando de vários formatos nas grandes ordens naturais. Assim, vamos à vida animalística, por assim dizer, onde passamos pelas dificuldades apresentadas aos animais. No Capítulo 11 da Parte II consegue-se ter boa noção delas.
Aí sim, depois de termos desenvolvido a vida pura e simplesmente orgânica vamos à vida animal, que nos apresenta a comunicação, dores, inteligência ainda que limitada, e algumas responsabilidades.
Até nos encontrarmos em encarnação na raça humana por muito já havíamos passado. O que farás de suas vidas que lhe obrigará a vir mais outras vidas que o necessário é um problema único e exclusivo seu - que comentarei na próxima questão.
Nossas paixões nos traem! Já na primeira encarnação humanística somos dotados de paixões, que se desenvolvem em taras, ou não.

3_Se a reencarnação fosse verdadeira, com o passar dos séculos haveria necessáriamente uma diminuição dos seres humanos, pois que, à medida que se aperfeiçoassem, deixariam de reencarnar. No limite, a humanidade estaria caminhando para a extinção. Ora, tal não acontece. Pelo contrário, a humanidade está crescendo em número. Logo, não existe a reencarnação.


Seria como dizer "se a quarta série é tão boa, por que alguém sai dela?", o que é bastante imbecil de comentar!
Saímos dela exatamente por que temos mais o que fazer na 5° série, que nem nessa Terra está. Assim como a 3° série, por exemplo ainda, poderia estar em outro planeta. Como comentado/respondido pelo blog do Espiritsmo: Nem existe vida inteligente apenas no minúsculo planeta Terra, nem a Terra marca o fim da jornada evolutiva dos espíritos, assim sendo, chegam mais "estudantes" à Terra, enquanto outros saem.

4-Se a reencarnação fosse verdadeira, o nascer seria um mal, pois significaria cair num estado de punição, e todo nascimento deveria causar-nos tristeza Morrer, pelo contrário, significaria uma libertação, e deveria causar-nos alegria. Ora, todo nascimento de uma criança é causa de alegria, enquanto a morte causa-nos tristeza

Por que receber um colega de classe que vai passar um ano difícil de aprendizado deveria ser tão complicado? A alegria de podermos conviver, de a companhia do outro nos aliviar as mazelas.
Nascer é crescer rumo a Deus e ajudarmo-nos dentro dessa escola facilita nossas vidas de uma forma inimaginável! Todos temos amigos/irmãos/esposos sem os quais ficaríamos extremamente tristes, sozinhos.
E saber a graça que é a vida para os seres já é suficiente para nos alegrarmos com um nascimento.
Perder um ente é sempre ruim, sentimos saudade, nos sentimos sozinhos, mas enlutar por isso é puramente egoísmo. Esquecer que ele terminou mais uma etapa da vida espiritual dele e pensar somente na nossa dor é muito egoísmo.


5-Caso a reencarnação fosse uma realidade, as pessoas nasceriam de determinado casal somente em função de seus pecados numa vida anterior. Tivessem sido outros os seus pecados, outros teriam sido seus pais. Portanto, a relação de um filho com seus pais seria apenas uma casualidade, e não teria importância maior. No fundo, os filhos nada teriam a ver com seus pais, o que é um absurdo.

Não vi onde uma coisa anula a outra. Lembrando que a casualidade não existe, e o acaso não pode ser considerado algo dotado de inteligência, sua premissa traz uma conclusão que não se aplica. As pessoas nascem de determinado casal por terem motivos para isso, sendo pra pagar alguma prova, ou por amor resultante de outras vidas juntos. Então, no fundo, a relação dos filhos com seus pais é muito mais profunda do que se imagina.

6_A reencarnação causa uma destruição da caridade. Se uma pessoa nasce em certa situação de necessidade, doente, ou em situação social inferior ou nociva -- como escrava, por exemplo, ou pária – nada se deveria fazer para ajudá-la, porque propiciar-lhe qualquer auxílio seria, de fato, burlar a justiça divina que determinou que ela nascesse em tal situação como justo castigo de seus pecados numa vida anterior. É por isso que na Índia, país em que se crê normalmente na reencarnação, praticamente ninguém se preocupa em auxiliar os infelizes párias.

Pelo contrário. Seria uma ofensa a inteligência e ao amor Divino dizer que temos somente 1 única oportunidade durante toda eternidade pra nos "salvarmos", e aprendermos tudo que precisamos.
Qual o mérito de ter algo sem ter lutado por isso?
E sobre ajudar o outro, é fazer de sua expiação algo menos doloroso. É a mesma premissa da caridade cristã: ajudar o outro para fazer de sua vida menos dolorosa. Isso não destrói a lição; pelo contrário, ensina a caridade e a impotância do amor pelo outro, que vai lembrar-se do alívio que foi a ajuda que recebeu.

7_A reencarnação causaria uma tendência à imoralidade e não um incentivo à virtude. Com efeito, se sabemos que temos só uma vida e que, ao fim dela, seremos julgados por Deus, procuramos converter-nos antes da morte. Pelo contrário, se imaginamos que teremos milhares de vidas e reencarnações, então não nos veríamos impelidos à conversão imediata.

Você mesmo havia comentado que "ninguém quer ficar em castigo eternamente". Rá, te peguei!
Mas sério, não haveria mérito de viver com Deus vivendo somente uma vida, e não haveria justiça num castigo eterno, sem redimição. É simplesmente sem sentido,e vai de encontro com a premissa do amor de Deus.
MAS, se por outro lado, você que já não acredita em reencarnação não acredita na emancipação da alma, também talvez não acredite no amor de Deus. E isso não justificaria toda essa ladainha.
O amor de Deus é sentido/intuído à medida que evoluímos. Ae é um caso entre voce e sua evolução espiritual!

Begos.

Um comentário:

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