9 de mai. de 2011

Materialismo

147 - Por que é que os anatomistas, os fisiologistas e, em geral, os que aprofundam a ciência da natureza, são, com tanta frequência, levados ao materialismo?
"O fisiologista  refere tudo ao que vê. Orgulho dos homens que julgam saber tudo e não admitem haja coisa alguma que lhes esteja acima do entendimento. A própria ciência que cultivam os enche de presunção. Pensam que a Natureza nada lhes pode conservar oculto"

148 - Não é de lastimar que o materialismo seja uma consequência de estudos que deveriam, contrariamente, mostrar ao homem a superioridade da inteligência que governa o mundo? Deve-se daí concluir que são perigosos?
"Não é exato que o materialismo seja uma consequência desses estudos. O homem é que deles tira uma consequência falsa, pela razão de lhe ser dado abusar de tudo,  mesmo nas melhores coisas. Acresce que o nada os amedronta mais do que eles quereriam que parecesse, e os espíritos fortes, quase sempre, são antes fanfarrões do que bravos. Na sua maioria, só são materialistas porque não tem com que encher o vazio do abismo que adiante deles se abre. Mostrai-lhes uma âncora de salvação e a ela se agarrarão pressurosamente."
Por uma aberração da inteligência, pessoas há que só vêem nos seres orgânicos a ação da matéria e a esta atribuem todos os nossos atos. (...) Como não viram a alma escapar-se, como não a puderam apanhar, concluíram que tudo se continha nas propriedades da matéria e que, portanto, à morte se seguia a aniquilação do pensamento. (...) Uma sociedade que se fundasse sobre tais bases traria em si o gérmen de sua dissolução e seus membros se entredevorariam como animais ferozes. (...) Quem, de fato, poderia encarar com indiferença uma separação absoluta de tudo o que foi objeto de seu amor? (...) Quem vem a ser, porém, essa felicidade que nos aguarda no seio de Deus? Será uma beatitude, uma contemplação eterna, sem outra ocupação mais do que entoar louvores ao Criador?

Almas gêmeas

Uma grande amiga, Amanda, veio comentar que leu aqui que a alma é indivisível. E se assim o é, então como funciona o negócio de Almas Gêmeas?
O conceito geral diz que seríamos criados e divididos ao meio e condenados a vivermos separados, caçando as metades de nossas respectivas laranjas até que a morte nos una.
A espiritualidade não nos estimula a pensar assim. Os espíritos que pretendem nos ensinar alguma coisa estão sempre insistindo na individualidade da alma. Tanto no tangente às Almas Gêmeas, quanto a outras questões, como religiões que defendem que somos pedaços do Criador, ou que voltaremos a um mar de almas que compõe qualquer outro tipo de todo.
No cap. sobre A Vida Espírita, no tópico "Relações de simpatia e de antipatia entre os Espíritos. Metades Eternas", tem-se considerações diretas sobre o assunto, como por ex:

301. Dois Espíritos simpáticos são complemento um do outro, ou a simpatia entre eles existente é resultado de identidade perfeita? 
"A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade".

O conceito, então, resulta de afinidades que atravessam encarnações e reencontram-se na atual, em vista de que a idéia mais acertada parece ser a de que, Almas Gêmeas são aqueles que unidos pela simpatia, pela afinidade, pelo amor e pela vibração se relacionam de forma mais pura e intensa. O que não significa que estas não poderão exercer sua individualidade ou alguma outra tarefa que independa do outro - o que pode gerar frustração e sentimento de diminuição da parte do que se anula.
Uma união desta forma precisa, portanto, de variações vibratórias de mesma natureza, de alguma elevação para poder-se amar ao outro, alimentá-lo espiritualmente.
Outra questão a se considerar é a proposta de evoluirmos para amarmos a todos, sem distinção de nenhuma natureza. Nem mesmo de intensidade. Assim sendo, Almas Gêmeas seria um conceito que somente funciona num andar evolutivo razoável: dependeria do conhecimento do amor, mas um amor direcionado, se não condicional.
Mais uma coisa a se pensar é que, talvez, nossa alma gêmea, nosso maior afeto, esteja ainda esperando para encarnar. Talvez ocupado com algum trabalho importante, talvez em algum lugar que ainda não temos acesso,  quem garante? Talvez esperando uma união nossa para nascer dela. As variáveis são incontáveis. A quantidade de pessoas a nossa volta também.
É pano para pensarmos nossos conceitos de união e suas razões. De divórcio, seus motivos e consequências, desejos românticos, sexuais e também idealizações. Bom-senso me parece sempre uma via segura: O que ofende o outro não cabe aqui (o digo por não concordar com o conceito de por-se no lugar do outro, em vista de que temos opiniões diferentes e estímulos diferentes nos acordam).
A única conclusão que posso, então, tirar de meu raciocínio, sabendo que o amor é o alimento da alma, é que todas as almas deveriam ser consideradas gêmeas a nós. Somos irmãos, não somos?