15 de out. de 2009

Tentemos não cometer erros "cíclicos"

Aconteceu uma história tenebrosa em minha cidade há pouco tempo atráz, que eu gostaria de usar para ilustrar um... convite meu.
Resumindo o caso, um homem é suspeito de matar e estuprar determinada criança.
Antes mesmo de a polícia pensar em prender o sujeito a população do bairro, revoltada, linchou o rapaiz. Bateram no pobre com barras de ferro, paus, e atacaram, também, com facadas.
Pra deixar a situação mais "bonita" filmaram e publicaram o vídeo na internet.
Agora...

A questão que as pessoas começaram a se colocar é se o sujeito, que supostamente abusou da menina (de 3 anos!) merecia o linchamento. Ouvi de alguns que aquilo serviria pra ele pagar suas dívidas com a espiritualidade. Me limitando a comentários de espíritas, já que é esse o caso.
Mas essa teoria de pagamento de contas com a espiritualidade por meio de castigo imposto por outras pessoas não é um pouco estranho?

Vamos analizar a situação num caso de dívia espiritual que estava sendo paga:
1 - O rapaiz comete uma falta, seja com quem, seja quando for, e lhe é marcado uma pena para tal.
2 - Para resolver o caso de dívida física, escolhe Deus (quem mais aprovaria tais provações?) que ele sofrerá danos físicos até a morte, para sanar as dívidas feitas,com as pessoas que machucou.
3 - Para isso é escolhido um grupo de pessoas que o mata dolorosamente.
Vamos assumir que isso resolveu a dívida do rapaiz. Mas agora temos a dívida do grupo. Continuarei, então, seguindo essa mesma lógica de pagamento:
1 - Todas essas pessoas infligiram dor física, e causaram morte. Logo, pagarão suas dívidas com a morte.
2 - Para resolver tais casos outras pessoas serão encarregadas de tirar-lhes a vida propositalmente.
Ah, sim. Resolvido? Não, agora temos o caso do 3° grupo que também terá de morrer para pagar o dívia... de quem mesmo? Ah, daquele primeiro que matou e estuprou a primeira menina.

Compreendem onde quero chegar?
Tomemos cuidado pra não formarmos sistemas obviamente falhos, em aspirais sem fim. Não nos cabe fazer justiça, não é tarefa nossa. Mais do que isso, não admitam que Deus possa ter criado um sistema tão bruto, tão desumano, tão cheio de erros.

"Mas, já não havíamos admitido que nada acontece por acaso?
Partimos da premissa que absolutamente tudo acontece por um motivo bastante específico. Como já martelamos diversas vezes, o acaso não é um princípio inteligente, não cria, não movimenta, não é.
Que justificaria esse rapaiz passar por isso?"

Gente, onde ficou o livre-arbítrio?
Essas pessoas escolheram linchar o tal rapaiz, mas, obviamente, fizeram uma péssima escolha. Para ele, e para elas.

O convite é: não criem sistemas aspirais de onde não poderemos sair. Se não funciona, não existe. Procure dentro de sua razão, pense nas coisas com carinho. Pense direito, e pense sempre, teorize sempre.
Lembrem-se do mau juízo que as pessoas são capazes de fazer, e não esqueçam que a dívida que lhe fizeram será cobrada, mas não por você. Não por outro.

E isso serve pra todas as vezes que formos convidados a teorizar sobre qualquer situação: evitar sistemas falhos de onde não há saída. Lembrar que Deus criou um sistema simétrico, justo e perfeito - que talvez não entendamos nessa passagem evolutiva, mas que pelo menos, podemos dispensar os sistemas obviamente falhos.

Oka?

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